Caminho da Fé sobre duas rodas

Com treino específico realizado pelos profissionais da Academia Clube Náutico, associados pedalaram os 320 km do trajeto

Grupo posa para foto em frente à Basílica, marcando o final da aventura sobre duas rodas | Fotos: Arquivo Pessoal

Companheirismo, resistência, força e fé. Essas palavras dão a dimensão da aventura vivida pelos alunos da Academia Clube Náutico, que pedalaram pelo famoso Caminho da Fé, percurso de 320 km entre Águas da Prata e o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, localizado em Aparecida/SP.

Nascido do desejo de diversos alunos de superarem seus próprios desafios e de expressarem sua devoção, a viagem, realizada de 12 a 16 de outubro, num grupo de 19 pessoas, sendo 13 associados, contou com a ajuda decisiva dos profissionais da Academia Clube Náutico, que montaram um treinamento específico para que os alunos enfrentassem, de forma sadia, os obstáculos do caminho.

Treino especificamente planejado

“Os alunos da Turma do Pedal e também das aulas de bike Indoor mostraram muito interesse na realização deste trajeto. Como sabemos que é um percurso extremamente intenso e eles necessitavam de um nível mínimo de preparação física, nós do corpo técnico fizemos uma reunião e planejamos as fases de treinamento. Após estabelecer  o projeto, chamamos os alunos para uma conversa e manifestamos nosso entusiasmo em acompanhá-los através do treinamento, mas explicamos a necessidade de comprometimento de cada um com o período preparatório, pois deveriam estar cientes da responsabilidade desse desafio, tanto física quanto psicologicamente”, explica a coordenadora da Academia, Mariana Loffredo. A partir dos resultados dos testes físicos, para cada um deles, foi montado um treinamento específico crescente até a data da viagem. O  tempo total de preparação com os professores da Academia Clube Náutico foi de três meses.

Segundo Mariana, o objetivo específico do trabalho realizado foi aprimorar o condicionamento cardiorrespiratório e fortalecimento muscular visando,  além da prevenção de lesões, que todos os participantes concluíssem, dentro de seus limites, o percurso no tempo previsto. “O treinamento dos alunos foi focado em refinar tanto o treinamento de força quanto o cardiorrespiratório. Com relação à força, o intuito principal foi preparar além de membros inferiores, que seriam extremamente solicitados, os grupos musculares que estariam em sinergia ao longo de todo o percurso,  como, por exemplo, os músculos dorsais, deltoides e também de antebraços, responsáveis por sustentar o posicionamento correto do ciclista, influenciando na estabilidade e equilíbrio ao longo da pedalada, pois os trajetos poderiam durar mais de 10 horas ao dia,  além da região abdominal que é o centro de força de toda a ação dos membros inferiores.

Quanto ao treino cardiorrespiratório, além de treinos indoor realizados individualmente dentro do ambiente da academia,  através de aulas de ciclismo e também nos equipamentos ergométricos, foram criadas tarefas específicas, como treinos externos com propostas de quilometragem pré-definida pelos professores,  para que os alunos executassem a pedalada em terrenos e situações muito próximos às que poderiam encontrar ao longo do caminho da fé, ou seja, com a probabilidade de enfrentar adversidades, como danos das peças das bikes, furos em pneus e animais peçonhentos”, explica a coordenadora.

A emoção de quem viveu esta aventura

A alegria estampada nos olhos dos ciclistas que encararam esta aventura mostra como a viagem não será esquecida por nenhum deles. Os alunos Cássio Augusto Amaral, Sibele Capparelli Toledo, Marcella Trevisan Bozelli e José Américo Gomes Viega dividiram suas experiências, inseguranças e, claro, toda a felicidade de encararem este desafio pessoal.

Importância do Treinamento

Para pedalar de 10 a 12 horas por dia, ou cerca de 70 km, o grupo contou com o treinamento planejado pelos profissionais da Academia Clube Náutico.

Segundo os quatro entrevistados, este cuidado foi fundamental para que todos fizessem o trajeto com a compreensão das necessidades de cada um e o terminassem sem lesões.

“Este acompanhamento por parte dos professores e da coordenadora da Academia foi essencial. Fizemos testes individuais, fortalecemos a musculatura e sentimos a evolução. E depois que você finaliza o percurso, você observa como esta preparação ajudou a cada momento”, observa José Américo.

“Em todo este processo, vi uma mudança grande no meu corpo. Emagreci quase 10kg e troquei gordura por massa magra”, conta Sibele Toledo.

Certificado recebido pelos ciclistas na chegada à Basílica de Aparecida

“Saímos amigos, voltamos irmãos”

Muitas histórias. Muitas memórias compartilhadas, que emocionam quem ouve pela primeira vez e quem as revive. E, uma palavra se destaca na fala dos entrevistados: companheirismo. “Idealizamos, nos preparamos e percorremos os 320 km juntos. Esta foi a premissa de realizarmos o Caminho da Fé, cada um com seus objetivos, mas todos unidos para superar os obstáculos a serem enfrentados”, afirma Cássio Amaral.

Mais experiente da turma – Cássio já havia feito o mesmo caminho no mês de abril – ele foi uma espécie de “guia do pedal”, montando o trajeto, fechando as pousadas e ajudando no dia a dia do grupo. “Cada dia era um novo desafio. E a união de toda a turma foi essencial. Além da fé, o que me motivou a fazer novamente o percurso foi o grupo, a energia de cada um”, ressalta.

Únicas mulheres dentre os ciclistas, Sibele e Marcella também ressaltam o espírito de equipe do grupo. “Antes do início, eu tinha aquele frio na barriga, o pensamento de “não vou conseguir”. Mas todos, sem exceção, foram muito generosos. Nunca deixavam ninguém para trás, sempre apoiando, ajudando. Foi uma experiência inesquecível”, afirma Sibele, que fez o percurso junto com o esposo Alexandre.

Marcela, que é natural de Andradas, conta que via o pessoal fazendo o Percurso da Fé. “Sempre observei os romeiros e poder participar este ano, com este grupo, foi especial. Superei meus limites e vivi momentos únicos”, diz.

“Saímos amigos, voltamos irmãos”. A frase que inicia este subitem da matéria é do associado José Américo. Nela, tem-se o resumo do que foi, para todos eles, esta aventura. José, que sofreu um acidente logo no primeiro dia de viagem, ressalta, em cada fala, a união de todos. “Todo mundo se superou, juntos, unidos. Foram experiências únicas, que nos fortaleceram. Ao avistarmos a Basílica da estrada, a emoção tomou conta de todos nós. De termos conseguido enfrentar e superar nossos limites, da fé que nos motivou, do companheirismo que envolveu cada um dos cinco dias de pedal, de chegarmos àquele local. Se éramos amigos, agora somos irmãos”, enfatiza.

Pensa que o cansaço, os acidentes sofridos e as dores vão parar esta turma? De jeito nenhum! “Já estamos nos preparando para, juntos, enfrentarmos novos desafios, pedalando, claro”, afirma José, com um sorriso nos lábios e um brilho no olhar!

Grupo que realizou o Caminho da Fé

Os associados José Américo, Cássio Amaral, Sérgio Barbeiro, Orestes Fattori Filho (Tinho), Toninho, Alexandre Lemos, Sibele Toledo, Marcella Trevisan, Miguel Salvajoli, Wendel de Oliveira, Walter da Silva (Jabá), Marcelo Pedro Antonio, e os amigos Carlinhos, Eraldo, Fabrício, Marcos, Rogério, Talles, Adriano Pedro Antonio (Magrão).

Cada carimbo mostra o percurso realizado e o término do trajeto, comprovando a realização do “Caminho da Fé”